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sexta-feira, 12 de junho de 2009

A insegurança nas ruas e o Dia dos Namorados

Outro dia desci do ônibus e fui andando em direção à minha casa, passando pelos 3 quarteirões a que estou habituado (faço isso todos os dias). Em uma parada [de ônibus] que fica pelo caminho, cruzei meu olhar com o de um homem, idade entre 30 e 35 anos, que (supostamente) esperava seu transporte naquele momento. Mas o olhar dele não foi um qualquer; era estranho, incisivo, e um tanto quanto espantado. Prossegui meu caminho e percebi, ao olhar algumas vezes para trás, que ele continuava com o olhar fixo em mim. Assim mesmo, sem disfarçar nem nada. Fixo. Vazio. Apressei-me em dobrar a esquina e olhar sorrateiramente para ver se ele me seguia. Não estava mais na parada, o que me fez acreditar que sim. Mil coisas passaram por minha cabeça na hora; entrar no primeiro táxi que aparecesse, sair correndo na direção que não era a da minha casa (já que eu moro num bairro não muito seguro, e ele poderia ter contatos por lá ou me marcar), procurar por um guarda. Mas nada disso me parecia plausível, e resolvi continuar no meu caminho. Olhei mais algumas vezes para trás, em pontos estratégicos da rota, para todas as direções, e nada. Nem sinal do homem. Aliviei-me e rumei para casa.

Apesar do alívio, minha preocupação não passou. Me fez pensar não só não no quanto estamos inseguros, mas no quanto nos sentimos inseguros. Se achamos que não há lugar seguro fora de casa, cada vez mais tenderemos a sair menos, a nos comunicarmos menos e a ter mais preconceito com pessoas que "pareçam" suspeitas. Outro dia fizemos uma redação que era justamente sobre violência urbana, e uma das coisas que eu destaquei foi a inversão de papéis na sociedade brasileira: nós, os chamados "cidadãos de bem", nos escondemos atrás de grades e câmeras, enquanto os criminosos correm soltos pelas ruas. Eu mesmo já fui assaltado na porta de casa. E muito pior do que a sensação real de ser assaltado é essa pressão, esse medo constante, essa sensação de insegurança. Afinal, todos sabem, o terror psicológico é muito pior do que o terror físico.

Mas falando de coisas boas agora (devem ter achado o título bem divergente, não?), gostaria de desejar a todos os casais um feliz Dia dos Namorados! Um dia atrasado, eu sei, mas o que vale é a intenção, não é mesmo? E àqueles que não têm alguém com quem compartilhar esse dia, eu só tenho uma mensagem: espero que seja por opção, que estejam felizes do jeito que estão! Eu sigo a teoria do mestre Jobim, mas quem sabe alguém consiga viver diferentemente!

E àqueles que dizem que "estão muito atarefados e não têm tempo pra isso": eu espero que percebam logo que "isso" não é um empecilho ou tarefa a ser cumprida mecanicamente, e sim uma forma de compartilhar momentos, sejam eles alegres, ruins ou até mesmo de muito trabalho.

Um abraço e até mais!