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terça-feira, 10 de maio de 2011

Uma goleada e um jogo pra ninguém botar defeito!

Assim foi a partida de ontem, 9/04/2011, entre Remo e Tuna, pela 6ª rodada do campeonato paraense. Teve de tudo, pra todos os gostos: apagão de refletores, briga com bandeirinha, homenagem a jogador e até briga de outro jogador com sua própria torcida.

A partida começou sonolenta pelo lado azulino, e a Tuna, dizem, motivada pela declaração do zagueiro Rafael Morisco de que a lusa era a "pequena" dentre os grandes paraenses, entrou aguda no jogo. Tanto que Adriano Miranda, logo aos 2 minutos, acertou um chute de média distância e abriu o marcador: Tuna 1x0.

Aos 11 minutos, alguns refletores do estádio Evandro Almeida se apagaram. Questionado por repórteres, o juiz afirmou: "esperaremos 30 minutos. É o bom senso.". "E se não voltarem em 30 minutos?", perguntou o repórter. "Esperaremos mais 30 minutos. É o bom senso", papagueou o árbitro.

No entanto, não foi preciso esperar tanto. Após 22 minutos de paralisação, o jogo recomeçou. A pausa fez bem ao Leão, que entrou mais ligado no jogo. Tanto que 2 minutos mais tarde, Rodrigo Dantas foi derrubado na área pelo goleiro e ídolo da torcida remista Adriano: pênalti, cobrado com maestria pelo capitão Morisco. 1x1.

O jogo permaneceu truncado até o final da 1ª etapa. Enquanto a Tuna aproveitava-se das falhas de marcação adversária, o Remo assustava com as jogadas em velocidade de um dos jogadores com mais raça e vontade que já vi jogar: Jaílton Paraíba. E olha que ele nem é paraense, nem remista, nem nada. Só honra a camisa que veste, ganhando um salário que não chega a 5% do que ganham outros tantos jogadores sem vontade por aí. Depois não entendem quando a torcida os chama de "mercenários"...

Na 2ª etapa o Remo continuou melhor. Jaílton Paraíba, pelo grande esforço, saiu contundido e foi substituido por um GÊNIO da bola: Finazzi, que mesmo no alto de seus 37 anos esbanjou vontade de jogar. E o dia não era mesmo de Adriano: após mais uma falha da defesa cruzmaltina, o Paredão foi obrigado a derrubar Dantas na área. Segundo pênalti cobrado com perfeição por Rafael Morisco, um dos artilheiros do jogo: Leão 2x1, de virada.

Apenas alguns minutos mais tarde veio o lance de genialidade: Finazzi recebe a bola na entrada da área pelo lado direito, e tinha tudo para entrar e chutar pro gol. Mas não. Com uma visão de jogo, inteligência e experiência de poucos no futebol brasileiro, deu um passe pelo alto, encobrindo todos os zagueiros à sua frente, e entregando a Rodrigo Dantas, na esquerda, ficar cara a cara com Adriano e mandar pro fundo das redes: Remo 3x1.

Após o gol, seguiu-se uma confusão entre os jogadores da Tuna e o bandeirinha do lado direito, que cobria o lance. Culpa da arbitragem, fraca e confusa, pois o bandeira hesitou em correr pro meio do campo após o gol, e se enrolou na marcação junto com o árbitro, que acabou por dar o gol. A polícia teve de intervir, e o jogo ficou parado por uns 10 minutos. Após a confusão, Cristóvão foi expulso pelo lado tunante. Alguns minutos após o lance, o auxiliar desmaiou e foi atendido pelo médico remista. Sabe Deus o que houve com ele...

Jogador cruzmaltino reclama com o bandeirinha, que nem esboçou reação

Mais um lance inusitado após o gol de Dantas: Léo Rodrigues, o bom goleiro reserva do Clube do Remo, foi ao encontro do centroavante e o abraçou, apontando para ele e xingando a torcida. "Vão tomar no **, esse cara é bom! Tão vendo!? Esse cara é bom!", foi o que eu ouvi (o lance foi bem na minha frente, bem próximo do gradeado). Após, toda vez que ele passava se aquecendo próximo aos torcedores, esses o xingavam e berravam, pedindo que ele respeitasse a torcida do seu time. Concordo plenamente. Dantas é um jogador medíocre, tem deficiências visíveis no toque de bola, no posicionamento e na finalização. Só fez esses dois gols (o outro foi contra o Paysandu) porquê foi muito bem servido por seus companheiros. "Não fez mais do que a obrigação dele", comentou meu pai. O Léo foi muito infeliz, ainda mais do jeito que falou com a Fenômeno, que merece respeito.

Goleada no clássico lavou a alma dos remistas (Foto: Ney Marcondes )
Léo Rodrigues perde a compostura e dispara contra a torcida após gol de Dantas (ao fundo, com a boca aberta)

Após os 3x1, os volantes do Remo começaram a querer brincar na defesa. Foi o caso de Moisés, excelente jogador, mas que ontem foi abaixo de sua média. Em uma das suas, tentou driblar o atacante na lateral e perdeu a bola. O mesmo correu até perto da área e foi derrubado por Paulo Sérgio: falta. Após a cobrança, um bate e rebate se seguiu até que Bruno Prado completou para o fundo das redes de Lopes: 3x2. Adriano, bem à minha frente, nem comemorou. Sinal de que seu coração é indiscutivelmente leonino.

Sentindo o bom momento da Tuna, o esperto Paulo Comelli sacou Dantas para a entrada de Tiago Marabá. E não deu outra: a estrela deste belo jogador brilhou, e 1 minuto após sua entrada ele fez boa jogada pela esquerda e cruzou para Rafael Granja completar para o gol: Remo 4x2.

Para completar a goleada, Marlon, no final do jogo, fez boa jogada pela esquerda e cruzou para Rafael Granja, dessa vez de cabeça, fazer mais um: Remo 5x2. Essa, eu confesso: não sei se não estava impedido. No mínimo na mesma linha. Mas pra Tuna não era negócio reclamar... Fim de jogo, uma vitória com "v" maiúsculo, indiscutível. O "time pequeno" jogou como grande: com raça e disposição. Mas tecnicamente inferior, não conseguiu suportar o ataque azulino, que em sua melhor atuação na temporada aproveitou quase todas as chances criadas e meteu 5 no ídolo Adriano, que ainda evitou um vexame luso ao realizar ótimas defesas. Uma delas saindo da área, e, com a bola nos pés ao melhor estilo Rogério Ceni (salvo comparações, apesar de também já ter feito gols de pênalti e falta), driblando um jogador remista e chutando para frente.

Após o término da partida, presenciei uma das mais belas cenas da minha [recente] vida futebolística: o "Paredão", como é carinhosamente chamado pela torcida azulina, foi aclamado pela torcida de seu ex-time, que levou uma gigantesca bandeira com seu nome e caricatura para exibir no Baenão.

Bandeirão em homenagem ao goleiro

Com gestos de agradecimento e muito emocionado, o arqueiro de 35 anos foi um dos últimos jogadores a sair de campo. Por fim, jogou a blusa pra torcida - a preta, que usava por baixo da cruzmaltina, é claro. Já tinha sido bonito ver a torcida aplaudindo o ex-goleiro Evandro, que jogava pelo Independente, na partida da 7ª rodada do 1º turno. Mas isso foi maravilhoso. O carinho que todos nós temos pelo Paredão Azulino ultrapassa más atuações e mudanças de time. Tem a ver com identificação e entrega. Pelo mesmo motivo, Landú e Zé Augusto, mesmo não sendo jogadores excepcionais, são ídolos do Remo e Paysandu, respectivamente.

Aliás, com os boatos de que o goleiro Lopes estaria de saída para o Fortaleza após o campeonato paraense, surgem outros de que beneméritos azulinos (os mesmos que trouxeram o Finazzi, quem sabe?) estariam fazendo de tudo para trazer Adriano de volta. Será?

No mais, foi uma excelente partida, apesar do estado do gramado, que enfrentou uma pesada chuva na tarde de ontem. O público não foi grande coisa, pela chuva e pelo caos que estava a cidade ontem: apenas 5.000 pessoas. Apesar de que isso já é recorde de público lá do outro lado da Almirante...

Com a vitória, o Remo assumiu a liderança com 13 pontos, ao lado do São Raimundo, mas perdendo no saldo de gols. Dependeria do maior rival para terminar o 2º turno em 1º. Até parece... Peço perdão pelas poucas imagens, não encontrei muitas na internet desse jogo... Os fotógrafos ganham pra quê afinal? Da próxima, levarei minha câmera e tirarei eu mesmo.

Um abraço e até a próxima! Saudações azulinas!