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domingo, 27 de março de 2011

O maior goleiro-artilheiro do planeta e seus 100 gols!

Uma tarde quente de sol em Barueri, no interior de São Paulo. Bom clima na Arena que carrega o nome da cidade. Nas arquibancadas, duas torcidas rivais, opostas, representando dois dos maiores times do Brasil. Em campo, 22 jogadores pensando numa só coisa: a liderança do campeonato paulista. De um lado, descontração e muita confiança de uma equipe que vinha de ótima vitória sobre o Oeste, e que mantinha um ótimo tabu de 4 anos e 11 jogos sem perder para o adversário. Do outro, concentração e tensão de um time que vinha de derrota para o modesto porém bem montado Paulista, e cuja garganta estava entalada com o dito tabu . Provocações de um lado, cânticos de outro, tudo conforme um clássico da grandeza do "Majestoso", como é chamado São Paulo x Corinthians. Era o palco perfeito para um grande feito, uma marca histórica. Algo que os torcedores e espectadores jamais esqueceriam.

O Corinthians começou melhor, criando mais jogadas e sendo mais ofensivo. O São Paulo, quando chegava ao gol, pecava na finalização. Alex Silva e Miranda iam se virando como podiam lá atrás. O tabu ia se mantendo.

No entanto, aos 40 minutos, em linda jogada individual e uma categoria de atacante de seleção, Dagoberto, de fora da área, acerta um lindo chute no canto esquerdo do goleiro Júlio César. 1x0 Tricolor Paulista.

No 2º tempo, o Corinthians volta assustando. Em ótima jogada pela esquerda, Jorge Henrique recebe de frente para o gol tricolor, chuta e a bola resvala na mão de Alex Silva, enganando o goleiro. Indefensável para muitos. Mas aquele embaixo do arco não era qualquer um. O maior goleiro-artilheiro da história do futebol mundial, num ato de puro reflexo, já caindo, de mão trocada, faz ótima defesa e salva o gol de empate do Corinthians.

O São Paulo responde com Fernandinho, que faz ótima jogada à frente da área alvinegra e sofre falta no meio de 3 marcadores. O lado? Esquerdo, perfeito para um destro. A distância era ótima para quem bate colocado, por cima da barreira. Cobrador destro, que bate colocado por cima da barreira... Sim, a resposta não poderia ser outra. Tinha de ser ele: Rogério Ceni.

Ao avistar a oportunidade, eis que surge o MITO, caminhando calmamente de sua meta até o outro lado do campo, onde encontraria seu destino. A torcida sãopaulina vibra, ansiosa por comemorar o que seria um feito histórico: o 100º gol de um goleiro, batendo todos os recordes que nenhum outro jamais alcançou. A torcida corintiana fica aflita, sabe que o momento é excelente para o adversário, e que Júlio César, apesar de bom goleiro, apanha de suas próprias barreiras.

Mas Ceni nada tem a ver com isso. Pega a bola, beija, faz uma prece. Ajeita com carinho na marca delimitada pelo árbitro. Um pouquinho fora, na verdade. A barreira se ajeita, cobrindo o canto direito do goleiro alvinegro. O árbitro apita. O MITO corre em direção à bola, inclina o corpo para a direita e bate, de chapa, com curva, como manda o figurino. Milhares de olhos acompanham a esfera que viaja, viaja, lentamente, superando a barreira corintiana e voando em direção ao gol... Tantos são os sentimentos naquele momento, tantas são as coisas que passam pela cabeça de todos, em especial do cobrador daquela falta. O goleiro pula na bola, toca-a com os dedos, mas não é suficiente para desviá-la do seu curso. Aquele era o destino daquele pedaço de couro branco naquele dia: tornar-se o objeto do 100º gol do maior goleiro de todos os tempos. Ela ultrapassa a linha e morre no fundo das redes. Rogério Ceni, o MITO, o capitão do TRI brasileiro, BI da Libertadores, do Mundial Interclubes, e campeão do mundo com a seleção em 2002, explode. Ele, que sempre foi sereno após marcar seus gols, euforiza-se e sai correndo em direção à torcida. Gira a camisa no ar e comemora como se tivesse ganho a Copa do Mundo novamente. Os companheiros o abraçam, parabenizam, e ajudam-no a vestir sua camisa comemorativa aos 100 gols. Fogos de artifício no céu, gritos nas arquibancadas. Quase 5 minutos de comemoração, e o Capitão tricolor recebe cartão amarelo por atrasar o jogo. O mais feliz que já recebeu em toda a sua carreira.

Rogério gira a blusa dourada com a qual entrou em campo após a marca histórica

O Corinthians ainda tentou reagir e manter o tabu, e conseguiu diminuir com Dentinho, em jogada semelhante à de Dagoberto. Mas parou por aí. O dia era dele, do MITO, do MAIOR DO MUNDO, que ainda fez excelente defesa com a perna esquerda após bicicleta desengonçada de Liedson. O juiz, após 6 minutos de acréscimo, apita o final do jogo. Festa de mais de 17 milhões de sãopaulinos pelo país. Finalmente acontecia, após 20 anos de uma brilhante e vitoriosa carreira, o feito que viria para consagrar Rogério Ceni, o MITO, como o MAIOR GOLEIRO DA HISTÓRIA. Nem Dida, nem Júlio César, nem Taffarel, nem Zetti (de quem foi reserva durante anos), nem Marcos, nem Buffon, nem Van Der Saar, nem Casillas, nem Lev Yashin. Nenhum deles fez o que este jogador de 38 anos, um dos mais íntegros desportistas do mundo, fez. Pois suas mãos podem ter trabalhado firme e maestralmente, mas seus pés jamais conhecerão a habilidade que os de Ceni conhecem.

PARABÉNS ROGÉRIO MÜCKE CENI, pelo 100º gol de sua extraordinária carreira! Não há quem, independente do time, não se ajoelhe perante sua maestria!

O MELHOR DA HISTÓRIA É NOSSO! É DO SOBERANO!!

Parabéns nunca serão suficientes! VOCÊ É O MAIOR, ROGÉRIO!

Um abraço e saudações tricolores!

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