Hoje a história humana escreveu mais um capítulo sangrento em sua existência. Foi o dia em que a sociedade brasileira deparou-se com algo que achava que só existia em outros países, como os EUA, onde o Bullying é frequente e explícito.
Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, entrou em uma escola no município de Realengo, interior do Rio, alegando que faria uma palestra. Por ter sido ex-aluno, já conhecido, sua entrada foi permitida. Adentrou uma das salas, sacou os dois revólveres de sua mochila e disparou contra dezenas de crianças inocentes. A maioria na cabeça, fazendo (até o momento) 13 vítimas fatais.
Os depoimentos dos sobreviventes são assustadores. Meninas de 12 anos contam, abaladas, como viram colegas de classe serem mortos bem na sua frente. O assassino trocou tiros com um policial e, após, tirou a própria vida. Uma tragédia sem precedentes na história do nosso país, e que nos leva a refletir sobre as razões que levam uma pessoa a cometer tal atrocidade. Teria um crime cometido com tanta frieza e covardia, justificativa? Não se sabe muito até agora sobre ele, só que seus pais morreram e ele morava com sua irmã, mas há cerca de 8 meses foi morar sozinho e mudou de personalidade, tornando-se recluso e antissocial.
Ontem mesmo, em minha classe na universidade, debatíamos sobre isso. Usamos como exemplo o caso daquele rapaz que, dirigindo bêbado em alta velocidade, bateu num carro e matou uma pessoa na 1º de dezembro um tempo desses. O juiz deu liberdade provisória a ele por ser réu primário, e muitos na sala ficaram revoltados com isso. Outros, no entanto, defendiam que o juiz estava certo, que o réu tem alguns direitos estabelecidos em lei, e que não podemos julgar alguém de uma vez, pois é preciso analisar diversos fatores, como ambiente, base familiar, etc.
Acho que o mesmo se aplica neste caso. Mas aí vem a pergunta fundamental: até que ponto a justiça deve ser benevolente com quem comete este tipo de crime, que supera o conceito de hediondo? Independente do que passou na infância, ou com sua família, que direito este homem tinha de tirar a vida de crianças inocentes, com todo um futuro pela frente? Se ele não tivesse se matado, com certeza seu julgamento seria uma nova comoção nacional, como foi o do caso Isabella Nardoni.
Em uma carta deixada pelo assassino, encontrada em suas roupas pelos policiais, Wellington fala com muito desgosto da raça humana, colocando os animais como seres que necessitam de proteção. Se diz também um ser puro, e que precisa que alguém ore para que Deus o perdoe por tal ato (clique aqui para ler a carta na íntegra). Até onde a psicologia explica isso? Até onde a assistência social cobre tal desequilíbrio? São perguntas que todos se fazem, e que nós, futuros juristas, teremos de responder no futuro. Espero que encontremos o ponto médio entre sobriedade e justiça; que não sejamos eufóricos ou frios demais a ponto de cometer injustiças.
Às famílias das vítimas, só posso desejar minhas sinceras condolências. Confesso que chorei assistindo alguns depoimentos, entre eles o de uma garotinha de 12 anos que segurava a mão da amiguinha no momento em que ela foi alvejada na testa, após ter dito a ela: "Não quero morrer!". É uma tragédia horrível que pegou a todos de surpresa, e que esperamos que nunca mais se repita.
Que Deus tenha todas as almas dessas inocentes cujo futuro foi interrompido de forma abrupta e cruel.
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